É notável nos últimos tempos a produção de conhecimento na área da sexualidade. Mas nem por isso esse conhecimento acumulado faz parte dos cursos de formação de psicólogos.
No tocante à área clínica, algumas técnicas desenvolvidas para a superação de queixas e disfunções sexuais abriram espaço para a denominada Terapia Sexual.
Apesar dos estudos da sexualidade terem início no século XIX, em consonância com a psicanálise, numa perspectiva moral-normativa, a Terapia Sexual foi proposta mais tarde, em 1970, com a publicação da obra: Inadequação Sexual Humana, de William Masters e Virgínia Johnson.
Segundo Masters e Johnson, a base teórica-técnica da Terapia Sexual é especialmente cognitiva-comportamental.
De acordo com os códigos de ética dos psicólogos e dos médicos, somente esses profissionais são indicados para o trabalho com psicoterapia. Dessa forma, convencionou-se utilizar o termo psicoterapia sexual ao terapia sexual.
O psicoterapeuta é um profissional com formação superior em Psicologia ou Medicina, devidamente credenciado junto ao respectivo conselho profissional – Conselho Regional de Psicologia (CRP) ou Conselho Regional de Medicina (CRM).
O psicoterapeuta sexual é um profissional que exerce a psicoterapia e tem também a sexualidade como foco de trabalho. A formação do psicoterapeuta sexual compreende desenvolvimento de abordagem técnica; conhecimento de aspectos cognitivos quanto à fisiologia sexual; treino em psicoterapia sexual sob supervisão de outro psicoterapeuta; conhecimento de aspectos psicossociais de sexualidades e de gêneros; e permanente atualização.
Mas, afinal, do que se trata a psicoterapia ou terapia sexual? A psicoterapia sexual é uma modalidade voltada para o tratamento de disfunções sexuais, que difere das outras formas de psicoterapia em dois pontos: (1) é focada na queixa sexual trazida pelo cliente; e (2) o psicoterapeuta, além do trabalho clínico presencial, orienta o cliente para a melhoria da comunicação e a realização de atividades sexuais de forma solitária e/ou com sua parceria (Kaplan, 1977).
O cliente realiza – individualmente ou com a parceria –, na própria casa, as atividades orientadas pelo psicoterapeuta. Desse modo, o ambiente privado favorece que o cliente tenha experiência erótica sistematicamente estruturada, concomitante ao trabalho com conflitos intrapsíquicos.
A psicoterapia sexual pode ser realizada individualmente – psicoterapia individual –, ou na presença da parceria – psicoterapia de casal.
Dentre as principais queixas sexuais masculinas está a falta de desejo sexual –inibição de desejo sexual–, dificuldade de obter e/ou manter a ereção –disfunção erétil–, dificuldade de controle ejaculatório –ejaculação precoce–, ausência de ejaculação –ejaculação retardada–, dores associadas ao ato sexual –dispareunia–, entre outros.
Já entre as principais queixas sexuais femininas está a falta de desejo sexual –inibição de desejo sexual–, dificuldade de manter a excitação e lubrificação no ato sexual –transtorno de excitação sexual–, tensão dos músculos vaginais que impede a penetração e gera dor –vaginismo–, dificuldade de obtenção de orgasmo –anorgasmia–, e dores associadas ao ato sexual –dispareunia–, sentimento de repulsa diante de relações sexuais –fobia ou aversão sexual–, entre outros.
Mesmo que o enfoque seja na queixa sexual, ao longo do tratamento o cliente e/ou casal é auxiliado no entendimento da construção da dificuldade apresentada ao longo do tempo; e no encontro de possibilidades de superação dessa dificuldade, no sentido de valorizar a singularidade de expressão afetiva e sexual, fortalecendo e melhorando a fluidez do relacionamento.
O processo de psicoterapia tem início com a primeira sessão, na qual a pessoa, ou o casal, apresenta sua(s) queixa(s). Essa entrevista é estruturada e focada na sexualidade. A entrevista tem como foco reconhecer as necessidades ou requisições, bem como compreender as próprias condições e contexto de quem procura o serviço especializado em sexualidade.
Em linhas gerais, o tratamento das queixas e dificuldades sexuais perpassa a reeducação sexual, com o objetivo de eliminar distorções cognitivas – mitos e tabus –, realizar treino assertivo, melhorar a comunicação do casal e possibilitar mudança de comportamento.
É importante que se tenha claro que a psicoterapia sexual não restringe a mera aplicação de técnicas, sendo necessário treinamento do profissional em psicoterapia para esse trabalho.
Todo o tratamento é voltado para as necessidades da pessoa e/ou casal, respeitando a singularidade, os valores pessoais e estilos de vida, considerando atitudes e ações com vistas a resolver dificuldades.
Na psicoterapia sexual é indicado que o psicoterapeuta leve em consideração questões relacionadas à construção do gênero e da sexualidade, de forma a compreender a forma singular com que o cliente e/ou casal construiu determinada queixa e/ou disfunção sexual.
As sessões de psicoterapia sexual são realizadas semanalmente, com duração de 50 minutos. Para mais informações clique aqui. O tempo de duração do tratamento varia conforme cada caso.
A psicoterapia sexual leva em consideração aspectos psicossociais, compreendendo significados e sentidos da construção da sexualidade e de gênero, auxiliando o cliente no alcance da melhoria da qualidade da vida afetiva-sexual, aprimorando a saúde sexual.