Resposta: É possível, sim, um homem – ou uma mulher – tornar-se impotente em qualquer momento da vida. A impotência está relacionada à incapacidade da pessoa de cuidar de si, devido a um estado físico ou emocional, ou mesmo às circunstâncias da sua vida. Exemplo disso é uma pessoa que atravessa por um quadro grave de depressão, ou mesmo uma pessoa imobilizada em uma cama.
A impotência incide no estado geral de uma pessoa e não apenas a uma parte dela. Por outro lado, o termo “impotência” acabou sendo popularmente associado à dificuldade do homem em obter e/ou manter ereção do pênis.
Sinto muito por aqueles que acham isso um preciosismo de linguagem, mas o uso do termo impotência para caracterizar a dificuldade de ereção remete a um aspecto cultural na construção dos gêneros – masculinidades e feminilidades – de que o pênis representa o homem na sua totalidade. Em uma cultura ocidental como a nossa fundada no patriarcalismo e notadamente machista, não é à toa que muitos homens entram em crise existencial quando passam por alguma dificuldade de ereção – ou mesmo sexual –, pois isso representa que não são mais “potentes” enquanto homens.
Essa falsa ideia acaba criando uma situação em que a dificuldade torna-se cada vez mais intensa. Se a pessoa impotente é aquela que não tem condições de cuidar de si, serão escassas as condições para superar uma dificuldade qualquer. O homem acaba generalizando para si o ser-impotente, gerando angústias e conflitos para a sua vida, para os seus relacionamentos, sejam eles afetivo-sexuais, sociais, e em alguns casos até profissionais. Dizer que uma pessoa está com uma dificuldade de ereção é bem diferente de dizer que é impotente.
Até mesmo pelo sexo ser um tema (ainda) tabu, temos a tendência de dissociar o sexo do nosso modo de estar no mundo em relação com outras pessoas e circunstâncias. Mas o sexo é parte integrante de nossas vidas. O sexo é uma possibilidade de sentir e de compatilhar intimidade e
prazer. O sexo, e as facilidades e dificuldades associadas a ele – salvo os casos que tenham origem orgânica –, é um reflexo de como a pessoa está e sente-se diante da vida. Se o estado emocional está abalado, se os relacionamentos não vão bem, se a saúde está ruim, certamente a resposta sexual ficará comprometida.
Virando a mesa. Faça exercício do seu senso de potência. Aos 54 anos de idade mudanças anatômicas e fisiológicas acontecem no corpo. A resposta sexual torna-se mais lenta do que quando a pessoa era mais jovem. Isso pode ser confundido erroneamente com “disfunção sexual”. Tente se conhecer mais, perceber o que é mais estimulante e o que gera mais prazer em você. Tente desenvolver uma visão mais positiva da sua sexualidade. Se as dificuldades persistirem, sugiro que busque auxílio profissional de um/a psicoterapeuta para realizar uma avaliação do seu caso. Boa sorte!